CONTO
MEU INESQUECÍVEL AMIGO JOHN Ora era eu. Ora era John. Nunca nós dois. Nunca nós ambos. Todo um infinito nos separava. Toda uma imensidão nos dividia. Jamais ocorreu a mim nem a John que houvesse comunhão possível em algum lugar para nós. Que houvesse uma forma de dividir. Uma forma de compartilhar. O que eu queria, John desprezava. O que John aceitava eu renegava. Então era assim como se habitássemos dois mundos diversos. Talvez o que me fosse por paraíso, para John fosse inferno. E o que para John era por inferno. Para mim paraíso era. Talvez ainda, vivêssemos como em ilhas distantes num imenso oceano. Cada um ilhado um do outro. Cada um sem dar-se conta, senhor em sua própria índole de sua própria solidão. Só sei que por longa data fomos próximos. De certo modo companheiros de jornada. E a vida de cada um de nós, partilhamos juntos por considerável espaço de tempo. Tempo o suficiente para que eu conhecesse os gostos, os hábitos, o