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CONTO

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MEU INESQUECÍVEL AMIGO JOHN      Ora era eu. Ora era John. Nunca nós dois. Nunca nós ambos. Todo um infinito nos separava. Toda uma imensidão nos dividia. Jamais ocorreu a mim nem a John que houvesse comunhão possível em algum lugar para nós.           Que houvesse uma forma de dividir. Uma forma de compartilhar.      O que eu queria, John desprezava. O que John aceitava eu renegava. Então era assim como se habitássemos dois mundos diversos.      Talvez o que me fosse por paraíso, para John fosse inferno. E o que para John era por inferno. Para mim paraíso era.      Talvez ainda, vivêssemos como em ilhas distantes num imenso oceano. Cada um ilhado um do outro. Cada um sem dar-se conta, senhor em sua própria índole de sua própria solidão.      Só sei que por longa data fomos próximos. De certo modo companheiros de jornada. E a vida de cada um de nós, partilhamos juntos por considerável espaço de tempo. Tempo o suficiente para que eu conhecesse os gostos, os hábitos, o
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O ESCUDO E A LANÇA IVAN DE ALENCAR                                                                                                                        Quando as trevas da noite insistem em impedir muitas vezes o raiar do dia. Algo de inevitável acontece e o que pode ser motivo de dor resolve-se em alegria.       Como iniciarei esta estória é o que me pergunto, pois na verdade, talvez não devesse sequer atrever-me a narrá-la.       Porém, como é imprescindível dizer aquilo que julgo importante e de certa forma me causa alívio, arrisco-me a dar início e levar a cabo o meu intento.       Estou convicto que se deixasse de relatar esses fatos, pagaria alto preço perante minha consciência.       ...Então começarei:       Tudo não passou de um equívoco. Estou certo disso. Aproximamo-nos ela e eu unicamente como que conduzidos pela curiosidade que um despertava no outro.       Na certa foi o relacionamento mais marcante que já vivi. E digo isso não conduzid
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SAUDADES DE MINHA TERRA NATAL!
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  “O FILÓSOFO VERIDIANO” PEÇA PARA ENCENAÇÃO PRIMEIRO ATO - Meu nome? - Meu nome é Veridiano. - O que faço? - Filósofo, pelo menos, considero-me um filósofo. - Tomo de meus pensamentos como se pedras fossem, e atiro-os num lago imaginário. E observo e admiro o efeito deles por sobre a superfície deste lago.     Dou-me conta que na certa meus pensamentos são profundos e grandiosos, pois uma seqüência de círculos concêntricos se forma na água em direção à margem do lago. - E o lago? - O lago é imenso! Imenso e também profundo. - Meus pensamentos, portanto, os sei sólidos e de peso considerável. Formam círculos na água. Afundam. E os círculos formados se expandem e desaparecem. - E lá se foi então o fruto de um cismar meu. - Creio também que é acertado dizer que meus pensamentos são como brasas. Brasas que em realidade ainda não incendiaram ou atearam fogo a coisa alguma.     Pois minha sede, minha necessidade primeira é a de discípulos. - Por